Abstract:
Como podemos entender o papel do Estado na promoção da música negra como
constitutivo da identidade nacional, quando simultaneamente permite políticas e práticas de
opressão racial? Qual é o impacto destas políticas culturais sobre as lutas pela igualdade? Para
responder a estas questões, este trabalho analisa o cultivo do samba sob o regime Vargas entre
1930 e 1945 por um lado, e o programa de diplomacia de jazz dos Estados Unidos entre 1954
e 1968 por outro. Em ambos períodos, os estados avançavam políticas culturais para cultivar
apoio a uma determinada idéia da nação. Por entanto, uma análise cultural complica nossa
compreensão da relação entre elites estatais e comunidades negras, destacando o papel
ambíguo de artistas negros e observando as maneiras pelas quais eles negociavam esse status
de “fora/dentro”.