Abstract:
No mais célebre de seus textos críticos, “Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade” (1873), Machado de Assis reflete sobre um tema específico: o que faz de um escritor um escritor de seu país. Com “A nova geração” (1879), está às vésperas de realizar ficcionalmente a sua definitiva maturidade literária, num repúdio aos naturalismos então em voga crescente. Buscarei demonstrar que na narrativa machadiana se revela “certo instinto de nacionalidade” que transcende a cor local; e que ele é capaz de fazê-lo para além e para fora dos parâmetros realista- naturalistas que dominaram a ficção internacional na segunda metade do século XIX. Defendo também a ideia de que o diálogo com a melhor literatura do Ocidente é uma das vias pelas quais o nosso autor se afirma como grande escritor e, por essa via, eleva a produção literária de seu país a um patamar de igualdade com essa literatura.