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"NÃO CONSTITUIRÁ SURPRESA ALGUMA a celebração do centenário da Segunda Conferência da Paz em Haia, aqui na Fundação Casa de Rui Barbosa. Em torno dessa Conferência, a despeito das
diferentes interpretações sobre a sua real importância política e do sentido contemporâneo que a ela podemos atribuir, ampliou-se, firmou-se e, digamos assim, perpetuou-se parte significativa da mitologia popular sobre o nosso patrono. Se, por acaso, fôssemos levados a fazer um exercício de
livre associação com o seu nome, tenho certeza que uma maioria entre nós ligaria o nome de Rui, se não à Conferência, pelo menos ao nome da cidade. Águia de Haia disseram a imprensa e os
seus contemporâneos e Águia de Haia ficou: o epíteto entrou nos manuais escolares, reproduziu-se periodicamente em manifestações públicas, fixou-se na memória do povo. E poderíamos, talvez, associar a elaboração deste mito a um período em que a nossa primeira República – a República Velha, tendo ultrapassado os conflitos e percalços iniciais, portanto já assentada e mais segura de si – tecia os seus mitos e construía o seu panteão de heróis, em contraposição à história imperial do século XIX, que era vista como um prolongamento da nossa experiência colonial, uma espécie de desdobramento local do que havia sido o Reino Unido". |
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