Abstract:
No discurso oficial da história da cidade de Nova Friburgo prevalece o mito da origem 
e marco fundador a vinda dos imigrantes suíços e, posteriormente, alemães para a região. Esta 
perspectiva histórica mítica omite a presença maciça de negros e grupos indígenas que já 
ocupavam a região escolhida por Dom João VI para fundar o novo núcleo populacional. Neste 
sentido, torna-se relevante e indispensável discutir a presença dos negros que formam uma 
“zona de sombra” na memória da região.
Reconhecendo a História Oral como campo real de produção de conhecimento, esta 
pesquisa propõe refletir a história dos afrodescendentes de Nova Friburgo tendo como base a 
análise de entrevistas com membros da comunidade local. Portanto, é um trabalho que se utiliza 
da metodologia da História Oral e, nessa perspectiva, a análise concentra-se na subjetividade 
vivenciada pelos narradores, selecionados por critérios qualitativos em função de sua relação 
com o tema, de seu papel estratégico e de sua posição no grupo.
As categorias de análise foram estabelecidas a partir de temáticas recorrentes nas falas, 
notadamente: a memória da escravidão, a família, a violência e o racismo. A fundamentação 
do debate entre a História Oral, a memória e os temas mencionados pautou-se nas contribuições 
teórico-metodológicas de Michael Pollack, Alessandro Portelli, Florestan Fernandes, 
Halbwachs, Grada Kilomba, Silvio de Almeida, Abdias Nascimento e Lélia Gonzalez.
Neste campo de disputa pela memória local, esta experiência se propõe em dispositivo 
de estímulo ao empoderamento da população preta friburguense, em contribuição para o resgate 
da memória individual e coletiva e também no reconhecimento da população afrodescendente 
como formadora e colaboradora na construção da cidade.