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O presente trabalho analisa a relação entre os intelectuais e o Regime Militar no contexto do
Festival de Arte de São Cristóvão (FASC), precisamente no que se refere à luta pela
hegemonia entre o Estado e a esquerda revolucionária, tomando como parâmetro o processo
de transição do modelo político autoritário para a abertura política, assim como da passagem
do intelectual revolucionário para o intelectual profissional, ambos relacionados às novas
exigências da modernidade. O caráter ambíguo presente nesta relação é reflexo do próprio
processo de mudança que caracterizou o mundo capitalista, marcado pela consolidação da
indústria cultural nos anos 70. Por um lado, a ambigüidade está circunscrita no incentivo do
governo autoritário na cultura, particularmente através das diretrizes da Política Nacional de
Cultura (PNC); e por outro, na atuação dos intelectuais esquerdistas, até então arredios ao
regime, na ocupação de cargos públicos e na liderança de projetos do Estado, como aconteceu
com o FASC. O discurso de ambas as partes está permeado pela contradição: homogeneidade
e diversidade cultural, modernidade e tradição, preservação e racionalização dos bens
culturais. Tudo isso, simboliza uma nova fase na política e na cultura, delineada por relações
assimétricas de poder, mas também por momentos de “negociação” que intentam a luta pela
hegemonia, resultado do processo de abertura política e de mercantilização da cultura. Nesse
sentido, vale repensar o discurso contra-hegemônico e os seus possíveis desdobramentos. |
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