Resumen:
Nestor Vítor é conhecido sobretudo como crítico oficial do movimento simbolista brasileiro, mas seus textos abordam uma série de questões que permanecem relevantes para toda a história cultural do século XX e mesmo depois. Abordando a literatura com um método baseado no que chama de “simpatia”, ele é também autor de ficção, poesia, narrativa de viagem e de um importante tratado sobre a amizade chamado O elogio do amigo. Este artigo pretende discutir os significados da simpatia e da amizade na compreensão da literatura e da sociedade brasileiras por parte de Nestor Vítor, levando em consideração especial sua relação próxima e intensa com o escritor afro-brasileiro Cruz e Sousa. Discuto, em primeiro lugar, seu diálogo com o poeta negro no contexto do espiritualismo e do cosmopolitismo eurocêntrico da virada do século; depois, examino como, em torno da década de 1920, o imperativo nacionalista de resolver os conflitos inerentes à diversidade racial, social e regional da nação brasileira o levou a voltar sua atenção para os significados da mestiçagem e do regionalismo, e se sua versão da solidariedade e da integração social o levou ou não a adotar uma versão estreita, abstrata e homogeneizadora da identidade nacional.