Resumen:
Na passagem do século XVIII para o século XIX, em Portugal, a Inquisição, a Censura e a Intendência Geral de Polícia acompanhavam a circulação de imagens impressas e avaliavam seus riscos para a corrosão da ordem moral, religiosa e política. No Brasil, algo similar se dava, especialmente em relação às discussões e aos textos manuscritos e impressos. Ao mesmo tempo, a Inquisição, a censura e a Intendência Geral de Polícia defendiam a reverência dos fiéis às imagens religiosas, fazendo uma distinção entre as representações e os próprios elementos da Corte celeste. Este ensaio examinará, de um lado, os temores e as medidas tomadas pelas autoridades portuguesas para defender as imagens religiosas como representações e as reverências que lhes eram devidas pelos vassalos, analisando igualmente como avaliavam a difusão de imagens concebidas como ameaçadoras ao Antigo Regime e à religião católica. De outro lado, focalizará os usos que os súditos contestadores da ordem faziam das imagens obscenas, bem como de elementos da cultura material.