Resumo:
Este ensaio integra um conjunto de reflexões por intermédio das quais venho analisando a constituição de uma sensibilidade modernista, com base na invenção de um corpo brasileiro. No início do século XX, a temática de uma “dança nacional” desencadeia discussão apaixonada, revelando-se o papel estratégico da cultura sensível como um dos referenciais organizadores da vida social. O maxixe inspira crônicas literárias, caricaturas, conferências, favorecendo também o surgimento de novos vocábulos e gírias. Na imprensa, um fato contribuiria para dar dimensão inusitada à dança. Em 1913, um casal de brasileiros apresenta, em Paris,
no Teatro Olympia, o maxixe. O acontecimento ganha projeção internacional, mobilizando jornalistas, políticos, autoridades civis, eclesiásticas e militares, atraindo, também, a atenção de diplomatas, artistas e intelectuais. A que aludir tal impacto? Afinal de contas, por que o acontecimento desencadearia tamanha repercussão?