Resumen:
As Escolas de Samba do Rio de Janeiro enquanto associações recreativas de caráter popular surgidas no século XX, a partir da sociabilidade de práticas e saberes em grande medida afrobrasileiros, se apresentam como uma das maiores manifestações da cultura popular do mundo. É também por meio deste exercício que parte da população em seu entorno se relaciona com as dimensões políticas e culturais de seus territórios, refletindo tal habilidade em sua instrumentalização enquanto campo de conhecimentos, de resistências e entreterimento. Como estratégia de ampliar e visibilizar a diversidade dialética destas instituições com a sociedade, além dos já conhecidos dias de folia, analiso como a gestão técnica dos acervos nas escolas de
samba, sua conjuntura tipologicamente diversa e que independentemente de terem sido por ela produzidos, mas que esteja sob sua responsabilidade, reflete um canal potente nesta missão. Para a construção desta proposta analiso o desafio da gestão documental nas escolas de samba a partir de três acervos do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, sendo estes os acumulados pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA), pelo Departamento Cultural da Portela e por Irene Silva, ocupante do cargo de primeira porta bandeira da escola entre os anos 1969-1976. Dialogando com as motivações que resultaram na produção e guarda dessas experiências e sua dificuldade de comunicação com o público
interessado, referencio o protagonismo dos departamentos culturais nas escolas de samba como latentes aliados na pesquisa e difusão destas trajetórias, impulsionando a permanência e a renovação das memórias dessas instituições centenárias.