Resumo:
O contraste entre a cidade celebrada e cidade submersa não é novo no Rio de Janeiro. Enchentes eram familiares aos moradores da cidade já no século XIX e vêm se repetindo, com crescente intensidade, ao longo dos séculos XX e XXI. Os alagamentos colocavam em evidência a fragilidade da administração pública, os conflitos sociais, a superficialidade das reformas urbanas e o impacto ecológico da urbanização acelerada. O artigo tem por objetivo estudar como a grande imprensa carioca documentou esses desastres “naturais” no ambiente urbano, o desenvolvimento da relação entre cidade (estado e sociedade civil) e natureza no Rio de Janeiro, procurando também discutir em que medida foi-se construindo um imaginário sobre a enchente nessa capital, tanto pela mídia, quanto nas memórias de seus habitantes, especialmente durante a Belle Époque.