Resumo:
As práticas escriturárias que formalizaram os primeiros discursos que compõem o corpus textual da história da encadernação evidenciam a instabilidade dos estatutos simbólicos atribuídos aos documentos gráficos e a seus modos de produção e salvaguarda, nas suas dimensões textuais e materiais. Tais práticas de escrita, constituídas sob o signo do artesanato e do iletrismo, marcaram uma forte distinção hierárquica entre prática e teoria, consolidando discursos e representações socioprofissionais que migraram para o universo da Conservação-Restauração de acervos bibliográficos. Dessa forma, além de analisar, por meio de documentos e estudos de caso, as origens dessa herança socioprofissional, o presente artigo discutirá a maneira como a tensão entre materialidade e textualidade se manifesta nas abordagens clássicas da teoria da restauração.