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"Julgará o leitor desavisado, como também eu julguei, que ao abrir o volume de Insultos Impressos está a abrir um livro. Corro a desfazer-lhe o engano, convencido que estou de que os nossos sentidos, mesmo quando não nos mentem, podem ocultar-nos a verdade mais verdadeira: o que se abre, à medida que viramos capa, folha de rosto e páginas iniciais desse novo trabalho de Isabel Lustosa, são as cortinas de um teatro. Leia o leitor com olhos de ver, e verá que o que ali vem designado, por peta de algum Arlequim,
como Introdução é, na verdade, um prólogo à moda antiga, onde se apresentam o assunto, o local e os personagens do drama. A cena é o Rio de Janeiro; o tema são os embates que aqui travaram, de 1821 a 1823, os atores do nosso primeiro jornalismo político. Se por acaso, após alguns minutos, sentir-se o leitor algo perdido em meio às cuidadosas anotações biobibliográficas do texto, não se aflija: lembre-se que são apenas rubricas da autora da peça para orientar a construção dos personagens, e vá-se deixando acostumar aos poucos com eles. Seguindo o mosaico de cenas que se sucedem como nos filmes de Fellini, logo aprenderá a apreciar a elegância e a lucidez crítica de um Hipólito da Costa, a reconhecer o erudito e pitoresco conservadorismo de um José da Silva Lisboa, futuro Visconde de Cairu, e a distingui-lo da bonomia liberal-radical de seu quase homônimo inimigo, João Soares Lisboa. Acompanhará as sinuosidades de Luís Augusto May, o Malagueta, entre o liberalismo e o oportunismo, e se espantará com o baixo nível da linguagem da mais alta figura da época, D. Pedro I, quando se punha a escrever artigos anônimos. " |
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